Abril resiste nas nossas mãos

A crise capitalista que se desencadeou em 2008–2009 e se prolongou pela meia década seguinte agudizou as desigualdades socioespaciais em Portugal, nomeadamente ao nível das distorções registadas no mercado de habitação das grandes cidades portuguesas — que, entretanto, se alastraram a todo o país. Esta conjuntura gerou uma onda de protestos que dão visibilidade à questão do direito à cidade e à habitação, num movimento contra-hegemónico que, orientando-se especialmente para a afirmação da questão da habitação na agenda política e social portuguesa, denuncia as lógicas de mercantilização e financeirização no sector habitacional e de apropriação exclusivamente privada de outras comodidades de uso urbano coletivo e público. Numa inusitada interação entre as arenas da ciência, da sociedade civil e do meio político, estreitando a ligação entre a democracia participativa e a democracia representativa, o ativismo recente conseguiu influenciar as políticas públicas (eg. a promulgação da Nova Geração de Políticas de Habitação e da Lei de Bases da Habitação, bem como a criação da Secretaria de Estado da Habitação e, posteriormente, do Ministério da Habitação).

Neste debate procuraremos refletir sobre este impacto: que conquistas efetivamente se conseguiram? Que táticas e estratégias foram mais mobilizadas e tiveram sucesso? E o futuro? Como se pode perspetivar o ativismo nos próximos tempos e que instrumentos se devem mobilizar? Quais os desafios para as lutas e os movimentos consequentes?

Integrado na programação dos 50 anos do 25 abril

Inserido no Programa Paralelo da exposição Habitar Lisboa

Movimento Referendo pela Habitação
Movimento apartidário de habitantes que pretende mobilizar a população de Lisboa para um Referendo Local pelo Direito à Habitação.