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20 fevereiro 2023 | 21:00

Música

Se há uma pessoa a quem se possa imputar importante quota de responsabilidade na definição dos rumos da música popular de Cabo Verde essa pessoa terá, certamente, de ser Paulino Vieira. O músico multi-instrumentista, compositor, arranjador, produtor e poeta não apenas foi decisivo ao ter levado Cesária Évora aos grandes palcos do mundo, como também fez questão de deixar a sua marca em centenas de projetos de artistas cabo-verdianos (e não só…) espalhados pela diáspora, muitos com apenas um singular registo nas suas carreiras, contribuindo assim para o histórico acervo da música «lusófona», um conceito à época ainda por descobrir, mas para que o singular génio de Paulino Vieira já apontava, ele que sempre manifestou o desejo de unir os povos lusófonos com as suas culturas. Nessas diferentes culturas, como Paulino fez questão de explicar, havia muitas semelhanças e ele entendeu isso, nomeadamente no trabalho de arranjador que desenvolveu, tendo sempre em mente a música do seu país pela qual sentia uma verdadeira responsabilidade de divulgação além-fronteiras.

 

Paulino Vieira é o artista escolhido para assinalar os 10 anos de atividade da Ao Sul do Mundo, uma plataforma cultural que trabalha com artistas tão diversificados quanto Fausto Bordalo Dias, Selma Uamusse, Conan Osíris, Filipe Sambado, Moullinex, Tristany ou Paulo Flores, entre outros, além de assegurar a representação no nosso país de vários nomes internacionais de peso como a saudosa Elza Soares, Bombino, Anthony Joseph ou Gyedu-Blay Ambolley e Gregory Porter. Numa década de projetos especiais, concertos dentro e fora de Portugal, a Ao Sul do Mundo construiu uma assinalável presença no panorama musical nacional. E será isso que se celebrará a 20 de fevereiro de 2023 no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com uma especialíssima apresentação de Paulino Vieira.

Nascido em 1955 em Praia Branca, São Nicolau, Paulino abraçou a música muito cedo, carregando no seu ADN a herança do seu próprio pai, Santos Vieira, o seu primeiro mestre, antes de ter desenvolvido capacidades em estudos com o seu segundo mestre, Jaime Rodolfo, com quem estudou solfejo e aprendeu a dominar novos instrumentos a que não tinha tido acesso em casa. Um dos primeiros grandes passos da sua carreira foi dado em 1974, quando contava singelos 18 anos e rumou a Lisboa a convite de Bana e Luís Morais para assumir lugar de destaque na terceira geração do coletivo Voz de Cabo Verde, tomando conta dos teclados, dos arranjos e até da composição de alguns temas que se tornaram clássicos, como Encontrarei o Amor, canção que deu título a um álbum lançado nesse mesmo ano. Dois anos depois, quando abriu em Lisboa o primeiro restaurante-clube a representar a cultura de Cabo Verde, o mítico Monte Cara de Bana, Paulino tornou-se figura regular, tocando não apenas com todos os artistas que passavam por aquele palco, mas influenciando também uma geração de músicos portugueses que regularmente ocupavam as mesas do espaço na Rua do Sol ao Rato, de Rui Veloso ou dos Trovante aos Heróis do Mar. Na qualidade de músico, encontramos o seu nome nas fichas técnicas de importantes registos dos Heróis do Mar ou António Variações, por exemplo, prova de que a sua marca ultrapassou, de facto, as fronteiras de Cabo Verde.

Encarado pelos seus pares como um verdadeiro génio, dono de consideráveis recursos como músico, arranjador e produtor, Paulino Vieira tornou-se presença indispensável nos estúdios em que se gravaram os maiores clássicos de Cabo Verde. Em 1982, por exemplo, tocou em álbuns de Zezé Di Nha Reinalda, João Cirilo, Leonel Almeida ou Bana, por exemplo. Diz o próprio que perdeu a conta à quantidade de discos em que participou sendo seguro que terão sido centenas.

Nos anos 1990, o nome de Paulino Vieira surge associado ao de Cesária Évora. Juntamente com o seu irmão, Toy Vieira, Paulino assegurou praticamente todos os instrumentos do clássico Miss Perfumado que em 1992 deixou o nome de Cesária nas bocas do mundo. Gravou ainda Cesária (1995) e Live À L’Olympia (1996), este último o registo que documentava bem a sua singular classe como músico de palco e a responsabilidade que tinha para com a diva dos pés descalços. Nos anos seguintes, o seu nome surgiu nas fichas técnicas de registos de artistas como Lura ou Sara Tavares, por exemplo, dilatando ainda mais o seu currículo. Em tempos mais recentes, Paulino resguardou-se mais dos olhares do público, mas o seu nome, no entanto, nunca deixou de ser mencionado, sendo clara a admiração que diferentes gerações nutrem pelo seu trabalho.

Na última década, um acrescido interesse na memória musical de Cabo Verde alimentado por uma nova geração de DJs e colecionadores de vinil teve repercussão direta e internacional em compilações como Space Echo da alemã Analog Africa ou Synthesize The Soul da norte-americana Ostinato Records, ambas reunindo muitos clássicos em que Paulino Vieira esteve diretamente envolvido. Nesta última, aliás, é uma foto sua, da mesma série que deu origem à capa do seu clássico M’ Cria Ser Poeta (1984), que ilustra a capa.

Em fevereiro próximo, numa das mais importantes salas do país, Paulino Vieira terá a oportunidade de ajudar a celebrar estes 10 anos de intensa atividade da Ao Sul do Mundo, mas sobretudo de percorrer – rodeado por uma banda que está a ser preparada com todo o cuidado – uma brilhante carreira que permanece mais viva do que nunca, desfilando clássico atrás de clássico com a sua inimitável classe. Uma data para a história, certamente: 20 de fevereiro de 2023 no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

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Caso precise de alguma explicação adicional, poderá entrar em contacto connosco através de ccb@ccb.pt.


 

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