Datas / horários
5 e 6 julho de 2024 19:00
Espetáculo falado em inglês e espanhol, sem tradução simultânea
Em muitos dos objetos artísticos de João Fiadeiro, acabam sempre por emergir operações onde o tempo circular é percebido pelo observador através do desvendamento de um processo que não para de acontecer: a escrita retroativa de um passado que só se materializa depois de confirmado por uma ação futura. Dar a ver esse mecanismo, que geralmente passa desapercebido pelo modo como tendemos a organizar os acontecimentos a partir de uma narrativa linear, tem sido um lugar de exploração privilegiada de Fiadeiro na grande maioria das suas peças.
Em O que fazer daqui para trás, João Fiadeiro explora o tempo – duracional, suspenso, intervalar – ao «mesmo tempo» que foca a sua atenção naquilo que fica, no que foi esquecido, no resto. O «resto» cria «vazio». E é a prova da ausência de uma presença. Ou melhor, é a presença de uma ausência. É no «resto» que vamos encontrar os traços e os rastos para darmos início à impossível tarefa de reconstruir o mundo, uma e outra vez. O resto é também o que está entre o corpo e «a presença do outro no corpo», uma fuga permanente para coisas que ainda não são, para o que as coisas podem.
O que fazer daqui para trás posiciona-se entre a dúvida e a possibilidade. Onde o não-dito é mais importante do que aquilo que se diz, onde a ausência se sobrepõe à presença e onde o drama não vem do teatro, mas daquilo que os corpos – dos performers e dos espectadores – podem (e têm, e trazem). A sombra indica-nos a presença da luz, o silêncio a presença do som e a ausência a presença do acontecido. Da sombra, do silêncio e da ausência, eis – para quem se pergunta – aquilo de que esta peça é feita.
Estreado a 11 de novembro de 2015 no Maria Matos Teatro Municipal, em Lisboa, este espetáculo é falado em inglês e espanhol, sem tradução simultânea.
O ciclo DAR CORPO integra o projeto INTROSPECTIVA, de João Fiadeiro, patente no MAC/CCB até 22 de setembro.
Conceito e direção João Fiadeiro
Cocriação e performance Adaline Anobile, Carolina Campos, Márcia Lança, Julian Pacomio, Ivan Haidar e Daniel Pizamiglio
Desenho de luz original Colin Legras
Direção técnica e atualização de desenho de luz Leticia Skrycky
Produção RE.AL (Lisboa)
Coprodução Maria Matos Teatro Municipal (Lisboa) / Teatro Municipal do Porto – Rivoli
Apoio à internacionalização Fundação Gulbenkian e Fundação GDA
Apoio institucional Câmara Municipal de Lisboa
Residências artísticas Arquipélago / Centro de Artes Contemporâneas (Açores), Santarcangelo Dei Teatri (Itália) e Atelier Real (Lisboa)
Ciclo
A programação DAR CORPO acontecerá entre 21 de junho e 6 de julho, onde se poderá aceder, na Black Box e no Pequeno Auditório, a uma seleção de peças coreografadas por João Fiadeiro nos últimos 35 anos. A maioria dos trabalhos, de forma a fazer jus ao título «dar corpo» (no sentido de «passar o testemunho»), serão dançados por cinco jovens performers. No processo de transmissão, João Fiadeiro será acompanhado por Carolina Campos e Daniel Pizamiglio, artistas com quem colabora há 15 anos.
Do repertório de João Fiadeiro, de quase 35 anos, foram selecionados três solos [Self[ish]-Portait (1995), I am sitting in a room (1997) e I Am Here (2003)]; um (agora) trio [Ça Va Exploser (2020), criado em coautoria com Carolina Campos]; e duas peça de grupo [From afar it was an island (2018) e O que fazer daqui para trás (2015)].
Programação integrada no projeto INTROSPECTIVA, de João Fiadeiro, patente no MAC/CCB até 22 de setembro.
Folha de Sala
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Idades
M/16
Preços e Descontos
Nota: S/lugares marcados
Descontos
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