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23 novembro de 2023 21:00
Música
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A artista anglo-libanesa Nadine Khouri conheceu John Parish (PJ Harvey, Eels, Sparklehorse…) há cerca de 10 anos, altura em que o produtor britânico a desafiou a cantar em Baby’s Coming (faixa de Screenplay, de 2013) antes de gravar e produzir o seu primeiro álbum The Salted Air (2017), trabalho que, entretanto, granjeou justo culto.
A gravação do seu segundo longa-duração, Another Life, igualmente produzido por John Parish), aconteceu durante a pandemia de Covid-19 e foi naturalmente marcada pelas descargas emocionais provocadas pelas duas poderosas explosões no porto de Beirute no início de agosto de 2020. «A pandemia instalou-se precisamente quando os ensaios estavam prestes a começar, quando queríamos uma gravação rápida destas novas canções. De repente, o mundo congelou, nada podia continuar como planeado», recorda Nadine.
No interior da capa do álbum, uma fotografia tirada por Steve Gullick revela, por detrás de Nadine Khouri, a extensão de uma cidade mediterrânica branqueada pelo sol, Marselha, onde a artista atualmente reside. Uma cidade de milhares de vidas, milhares de memórias e milhares de histórias, um teatro onde ressoa o percurso de Nadine, a alegria, a tristeza, o arrependimento, o exílio, o desafio ou o desejo – marcas que alimentam a sua música. «As canções surgem-me muitas vezes como imagens de filmes que tento exteriorizar», explica. «Presa entre quatro paredes, este período de isolamento levou-me a olhar para o meu passado, a recordar pessoas próximas que desapareceram, momentos passados que estão agora longe de mim. Escrevi para não esquecer, para não deixar desaparecer.»
Com as restrições levantadas, Nadine Khouri e John Parish encontraram-se em estúdio para finalmente gravar o álbum como planeado originalmente, com a ajuda de vários músicos de renome. Deste período de incerteza emergem composições de uma beleza cativante. A produção de John Parish dá um fôlego majestoso a estas canções impressionistas, e à voz de Nadine Khouri. Ao vivo, essa presença singular e qualidade artística distinta tornam-se ainda mais evidentes, tal como tem vindo a ser destacado em críticas elogiosas de publicações de referência como a Mojo ou a Uncut.
John Grant
É justamente, um dos mais celebrados e consagrados cantautores do nosso tempo, um artista que o histórico NME afiança ter no seu último trabalho criado uma obra «de assombrosa beleza». De facto, Boy From Michigan, um disco produzido por Cate Le Bon e criado «logo no início do pesadelo da pandemia e durante toda a campanha presidencial», diz, é um registo extraordinário de um artista que cuida de se reinventar a cada novo passo. E será esse o trabalho que agora trará a Portugal para um muito aguardado concerto. Para Grant, o confinamento foi em grande parte académico. É um homem de natureza insular e retirou-se da sua América natal em 2011, indo viver para a Islândia.
Grant conheceu Le Bon quando atuaram no Park Stage em Glastonbury em 2013 e rapidamente se tornaram amigos e fãs do trabalho um do outro. Posteriormente, ela fez um dueto com Grant no Royal Albert Hall em 2016 e John retribuiu o favor no Green Man em 2018. Falaram muitas vezes sobre a possibilidade de Cate produzir um álbum para ele. «A Cate e eu somos ambos pessoas com muita força de vontade, o que é excelente», diz Grant. «Fazer um disco é difícil num dia bom. O stress crescente das eleições e da pandemia começou realmente a afetar-nos no final de julho e agosto. Por vezes, foi um processo muito stressante, dadas as circunstâncias, mas também cheio de muitos momentos incríveis e alegres.»
Na última década, John Grant afirmou-se como um dos grandes cronistas musicais do Sonho Americano. «Estas canções são viscerais para mim. Acabamos por ficar a marinar no espírito do sítio onde crescemos. Há pessoas que se sentem bem com isso.» E a recompensa é nossa que podemos dessa forma, através das suas canções, entender um pouco melhor a vida e a cultura contemporânea. E não apenas através de uma perspetiva americana já que o amor, a esperança, a perda são preocupações universais para que qualquer pessoa procura respostas. Boy From Michigan é já o quinto álbum na bem recheada carreira a solo do ex-The Czars, mas desde 2020 o cantautor não tem estado parado. Lançou novos singles, o mais recente dos quais o belo Bungalow, o EP Bolero e, claro, a fantástica versão do clássico folk God’s Gonna Cut You Down usado como tema do genérico da série da BBC Inside Man. Tudo boas razões para não o perder ao vivo em 2023.
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