Laurent Stalder

Se fosse necessário resumir a história da modernidade (até a um passado recente) num único título, um dos conceitos cruciais que teria de ser referido seria a incessante procura do «novo»: novos modos de viver, novas formas de construir, novos materiais, novos métodos de construção, novos processos de design, novos desafios construtivos, novos protagonistas e, até, novos seres humanos. Mas o que poderia significar a avaliação da passagem do velho para o novo, do moderno para o pós-moderno, das vanguardas para as neovanguardas, considerando-os não apenas figuras retóricas, mas verdadeiros fenómenos físicos? O que poderia significar não representar o «novo» enquanto postulado, mas estudá-lo precisamente no momento exato em que se torna obsoleto: quando os materiais falham, a infraestrutura deixa de funcionar, e a construção não cumpre os requisitos pretendidos? Por outras palavras, qual seria o resultado de um estudo da arquitetura moderna não apenas em termos das suas inovações, mas debruçando-se também sobre o que ocorre com as inovações à medida que o tempo passa? Quais as implicações de prestar uma séria atenção à passagem do tempo e de estudar, igualmente, a arquitetura no ponto em que o edifício e os seus utilizadores deixam de seguir o programa inscrito na sua arquitetura, o ponto no qual a arquitetura se desintegra, é destruída, abandonada ou, simplesmente, deixa de cumprir as suas premissas?