Formas de Ler

Na nossa época, a famosa globalização que, supostamente, aproximaria todos os povos, revela, afinal, que se mantém a estranheza, e por vezes a repulsa, com que são encaradas outras culturas, hábitos e correntes de pensamento.

Este será o mote que dará corpo a um ciclo de leituras, durante o qual revisitaremos algumas obras que abordam o choque que podemos experimentar no «país dos outros». De que falamos quando analisamos esse sentimento? Como se estabelecem as fronteiras físicas, psicológicas, mentais, culturais? Como lidar com essas mesmas linhas de demarcação de territórios estranhos e por vezes hostis? Como entender a diferença e a estranheza, perante o «outro»? Neste momento de vagas migratórias — que não são as primeiras nem serão as últimas, ao longo da História — como poderemos compreender, acolher, respeitar os «de fora», os que consideramos «estrangeiros»? Do olhar sobre a Índia (Forster, Varela Gomes), ou sobre o norte de África (Slimani), passando por uma caribenha a braços com a sociedade vitoriana (Jean Rhys), chegamos aos clássicos, com Camus e Shakespeare, respetivamente com as figuras de Meursault, estranho de si mesmo, e Caliban, o «monstro» da ilha de Próspero. Todos terão histórias para contar.

Boas leituras. – Helena Vasconcelos