E13 – Integral das Sonatas para Violoncelo e Piano II

Pavel Gomziakov e Andrei Korobeinikov

Em 1815, Beethoven compôs as Sonatas para Violoncelo e Piano n.º 4 e n.º 5, op. 102, num momento da vida em que se aproximava do auge do seu estilo filosófico e acusticamente experimental. Embora escritas simultaneamente, as ideias por trás de cada uma destas sonatas prendem-se com a diferença entre os termos «transcendental» e «transcendência», dentro do sistema filosófico de Immanuel Kant, sendo que Beethoven admirava profundamente este filósofo.

A Sonata n.º 4 em Dó maior é enigmática e opera com uma variedade de imagens «transcendentais»; estas imagens estão, de alguma forma, ligadas à vida e às emoções humanas, como quase sempre com Beethoven, mas são tomadas à priori como ideias puras e perfeitas, categorias poéticas e filosóficas.

No entanto, a Sonata n.º 5 em Ré maior é quase sempre «transcendente» – «o que vai além», segundo Kant – dando ao ouvinte a sensação de que esta música deriva da Eternidade. O seu Adagio (2.º andamento) é um momento de tristeza eterna e o último testemunho de um ser humano diante da essência deste mundo (Deus? Eternidade? Espaço? Matriz Divina?).

O concerto começará com uma dramática Sonata n.º 2 em Sol menor e 12 Variações sobre o tema See the conqu’ring hero comes, da oratória Judas Maccabeus, de Händel, repletas de inventividade e até de sentido de humor.

A combinação destas duas peças tem uma lógica própria: o início da 2.ª Sonata é uma clara alusão de Beethoven ao estilo barroco de Georg Friedrich Händel, o que é bastante raro na herança do compositor.

Andrei Korobeinikov