E11 – Integral das Sonatas para Violoncelo e Piano I

Pavel Gomziakov e Andrei Korobeinikov

Beethoven foi um pioneiro também no campo da música de câmara – foi o primeiro compositor a criar sonatas para violoncelo e piano. A Sonata n.º 1 é algo atípica, não apenas por, formalmente, estar dividida em duas partes, sendo que a primeira tem uma longa e lenta abertura (Adagio sostenuto), mas pelos dois temas antes do fim (Adagio, Presto) no estilo fantasia improvisado.

O compositor deu muito sentido de humor e inspiração à sua música: muitas vezes, o seu uso do duo violoncelo e piano é uma reminiscência instrumental das óperas da época, em que o violoncelo tem o papel de cantor de ópera e o piano é «comentador» e «orquestra». Podemos encontrar a mesma abordagem «operática» em dois conjuntos de variações sobre temas da ópera A Flauta Mágica, de Mozart, publicados em 1798 e 1802.

A Sonata n.º 3, op. 69 foi composta durante um dos períodos mais inspiradores na vida de Beethoven e pode ser considerada uma das suas melhores sonatas para piano e violoncelo, graças ao profundo e rico Allegro no 1.º andamento, com um novo tema dramático na secção de desenvolvimento, à tensão «vulcânica» no Scherzo (o 2.º andamento) escrito em estilo «sinfónico», ao Adagio filosófico e ao Finale verdadeiramente encantador. É interessante que Beethoven comece corajosamente com uma frase para violoncelo solo – mais tarde, podemos encontrar este tipo de início nas sonatas de Rachmaninov e Prokofiev. Semanticamente, o violoncelo nesta sonata tem muitas vezes o papel de uma voz humana, o que transmite ao ouvinte pensamentos fascinantes sobre o relacionamento entre a humanidade e o mundo.

Andrei Korobeinikov