Datas / horários
7 dezembro de 2022 14:30 às 20:00 na Sala Lopes Graça
Conferências
Vilém Flusser foi um dos pensadores contemporâneos nos quais cabe mais perfeitamente o qualificativo de «transcultural». Em primeiro lugar, porque o ambiente social em que ele se criou — a Praga das primeiras décadas do século XX — era o ponto de intersecção de três tradições culturais e linguísticas diferentes, ainda que, naquele contexto, complementares: a tcheca, representada pelo elemento eslavo autóctone daquela região do leste europeu; alemã, oriunda do pertencimento da então Tcheco-Eslováquia ao Império Austro-Húngaro, e a judaica, cuja comunidade se encontrava na região da Boémia desde a Idade Média e, no século XIX, tinha obtido completa equiparação jurídica aos gentios locais. O facto de que a precoce experiência multicultural de Flusser foi interrompida pela invasão nazi em Praga, em 1940, lançou-o num outro universo de transculturalidade, representado pelo período de imigração que se iniciou no Brasil nesse mesmo ano.
No país sul-americano, ao lado de incursões no pensamento oriental, Flusser interessou-se pelas culturas autóctones, a ponto de ter se iniciado no idioma tupi-guarani, e apaixonou-se tanto pela herança africana do Brasil que chegou a proclamá-la como a verdadeira alta cultura existente no país. Mas a sua experiência transcultural renovou-se ainda uma vez quando ele se mudou para o sul de França, no início da década de 1970, já que a localização estratégica da sua nova moradia possibilitou contatos académicos e trocas pessoais com intelectuais europeus de várias nacionalidades, marcadamente franceses e de língua alemã.
Toda essa experiência transcultural de Flusser refletiu-se, naturalmente, na temática e na metodologia de boa parte dos seus ensaios e livros, razão pela qual se pretende celebrar, no âmbito do projeto Estética contemporânea: diálogo de culturas, financiado pelo consórcio CAPES-COFECUB, o pioneirismo e a genialidade de Flusser, também no que concerne ao pensamento transcultural, tendo como escopo principal as incursões do filósofo na estética e na filosofia da cultura. Essa homenagem concretiza-se na realização do «Colóquio Flusser Transcultural», no dia 7 de dezembro de 2022, no Centro Cultural de Belém, Lisboa.
Colóquio realizado no âmbito do projeto «Estética contemporânea: diálogo de culturas», financiado por CAPES-COFECUB.
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro | Université Paris 1 – Sorbonne | Centro Cultural de Belém.
Idades
Maiores de 6 anos
Ficha Técnica
Programa
14h30
Abertura
15h00 – 16h30
Moderador Jacinto Lageira
(Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, École des arts de la Sorbonne)
Pedro Hussak
(Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
Fenomenologia do brasileiro: uma revisão crítica
Rodrigo Duarte
(Universidade Federal de Minas Gerais e presidente da IAA) A cosmovisão de Davi Kopenawa diante da comunicologia de Vilém Flusser
Coffee break
17h00 – 20h00
Moderador Jacinto Lageira
(Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, École des arts de la Sorbonne)
Myriam Ávila
(Universidade Federal de Minas Gerais)
Estranhamento por correspondência
Marc Lenot
(Crítico de arte e coordenador do site Flusser France)
Flusser, a fotografia e os fotógrafos
Margarida Medeiros
(Universidade Nova de Lisboa)
Para uma ecologia da fotografia: o mundo construído e o mundo subtraído pela caixa negra