C1 – A Heroica

Jovem Orquestra Portuguesa

A Sinfonia Heroica ​[Nota: se preferirem: Eroica, à italiana] ​é um marco na história da música ocidental. Datada de 1802-03​ e​ ​terminada nos primeiros dias de 1804, ​ela é tanto uma reacção vital do compositor à descoberta da irreversibilidade da sua surdez, como uma expressão da sua admiração​, primeiro e decepção, depois,​ pela figura de ​Napoleão ​Bonaparte.

A estreia da obra deu-se primeiro em âmbito semi-privado​, ​a 20 de Janeiro de 1804​​, no quadro dos concertos organizados pelos banqueiros Würth e Fellner, aos domingos de manhã, ​em Viena. Terá sido dada pouco depois no palácio do dedicatário da obra, o seu muito amigo (e mecenas) Príncipe Lobkowitz​ e, igualmente aí, a 9 de Junho de 1804​, outras execuções se seguindo no mesmo local​​.

A estreia pública teria lugar no Theater an der Wien, a 7 de Abril de 1805, pela orquestra do teatro, sob a direcção do compositor. Pelo meio, a ​18 de Maio de 1804, Napoleão ​foi proclamado imperador, notícia que destruiu todas as ilusões de Beethoven para com o estadista e o fez intitular de ​Sinfonia eroica, per festeggiare il sovvenire d’un grand’uomo a ​obra que até ali se chamara Sinfonia grande, intitolata Bonaparte.

Contexto histórico à parte, certo é que ela revolucionou por completo a linguagem orquestral, revolucionou o próprio conceito de sinfonia, abriu as portas ao primado da subjectividade colocada em música e inaugurou o grande sinfonismo germânico que iria perdurar até ao início do século XX.

Atentem-se apenas nas vastas dimensões ​e no larguíssimo espectro emocional ​do 1.º andamento; n​o contraste absoluto que a seguir estabelece a Marcha fúnebre ​(que «justifica» o subtítulo da obra);​ no «regresso à vida» que é o Scherzo e, por fim, no virtuosismo da escrita e tratamento monumental da forma de dupla variação no Finale.

​Há alguns anos, ​um painel internacional de maestros votou ​a Heroica ​como a melhor sinfonia de todos os tempos. Pessoalmente, não poderíamos estar mais de acordo! – Bernardo Mariano

O autor escreve segundo a antiga ortografia