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CCB
Duração aprox. 70 min.
Este evento já decorreu

Datas / horários

Estas conferências realizam-se presencialmente e com tradução simultânea em português.

8 dezembro | 18:30 | Marie-José Mondzain NOVA DATA

Conferências

Nova data para a conferência de Marie-José Mondzain no  dia 8 dezembro.
Os bilhetes já adquiridos são válidos para a nova data. 

 

Nestes tempos conturbados, devido às grandes dificuldades morais, físicas, materiais, relacionadas com a situação pandémica mundial, assistimos igualmente no campo intelectual a duas grandes tendências que se ignoram mutuamente e que muitas vezes se opõem pela negativa: uma profusão de publicações e de reflexões com o foco na situação atual e nos diferentes alertas que esta coloca ou que pode levar a colocar no que diz respeito à restruturação total em todos os domínios que tínhamos por adquiridos; a continuação de pesquisas que, sem evitar as problemáticas imediatas, consideram que é preferível contribuir para a preparação do terreno eórico e prático que nomeamos, de modo impreciso mas legítimo, o «mundo futuro». De facto, estas duas tendências articulam-se e não se podem excluir mutuamente, seja qual forem os campos de reflexão e de concretização. De entre eles, o mundo das artes foi fortemente atingido (cancelamentos, encerramentos, reagendamentos), mas ainda mais o foi o campo da estética, da aisthesis, do sensível. Dos mais simples atos do quotidiano às complexidades teóricas, a nossa sensibilidade pessoal e inter-humana, tal como o nosso relacionamento com o mundo sensível em que evoluímos e no qual vivemos, sentimos, existimos, suscita reações que se inscrevem também elas numa restruturação própria à atualidade e a um futuro mais ou menos próximo.

É a este modo estético da nossa relação com o mundo, com os vivos, com os outros – que toma inúmeras formas, entre as quais a arte, mas não só – que desejamos consagrar uma série de conferências que, sem cobrirem todos os aspetos dos diferentes domínios do conhecimento, pretenderiam revelar algumas pistas e desvendar possíveis perspetivas. Como pensar o sensível e a estética nestes tempos mais ou menos breves, distendidos, angustiantes ou promissores? Quais podem ser as suas finalidades, projetos, incógnitas? A própria estética tem capacidade para dar um contributo decisivo aos acontecimentos do presente e aos que poderão vir a ocorrer? As transformações radicais do que se entendia ou entende por aisthesis não deveriam acompanhar as mudanças consideráveis das nossas sociedades e, mais amplamente, das pessoas? Outras problemáticas podem, evidentemente, ser sugeridas, mas dada a vocação do Centro Cultural de Belém – a instituição que convida e organiza, consagrada essencialmente a todas as formas de arte – elas deveriam poder tratar de modo direto ou indireto de questões ligadas à estética, no seu sentido mais amplo, na suas relações com a economia, a política, a ecologia, o feminismo, o cosmopolitismo….

 

Evento organizado no âmbito da Temporada Portugal-França 2022

 

8 dezembro

Marie-José Mondzain
Estética e desorientação, uma leitura de Aby Warburg

Se chamamos objetos de arte e gestos de arte àqueles que, quando dirigidos à sensibilidade coletiva, têm um poder emocional emancipador e, por conseguinte, uma força política, será ainda necessário que os dispositivos que os exibem e os discursos que os acompanham para os oferecer ao olhar e à escuta não os submetam à ordem orientada de interpretações abusivas, mesmo que eruditas. Privar a arte da sua relação com a desordem é como privar o espectador da sua relação com a realidade e a sua energia subversiva. Quando a aisthésis é orientada, é uma anaisthesis — uma anestesia — que se instala, privando-nos da fecundidade da desorientação e dessa energia ficcional a que chamamos liberdade. Inspirando-se do caso singular de Aby Warburg, do seu método científico inseparável da história da sua loucura, Marie-José Mondzain pretende analisar o destino de algumas imagens e ver como as palavras que as acompanham podem ter tido uma função decisiva tanto no seu destino individual como no seu destino político. – Marie-José Mondzain

 

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17 março

Jacques Rancière
Arte e Política: a travessia das fronteiras

Hoje, mais do que nunca, as práticas das artes e as práticas do combate político parecem invadir-se mutuamente. Instalações artísticas e performances absorvem cada vez mais as formas da manifestação política, da investigação social ou da reconstituição histórica. Pelo seu lado, o protesto político assume hoje frequentemente a forma de uma performance artística transformando o uso habitual dos lugares públicos para neles criar um espaço-tempo controverso e aí criar novas composições de palavras, de imagens e de movimentos. Esta porosidade dos espaços e esta proximidade performativa são testemunhos de uma confusão? Ou colocam em evidência os laços profundos da ação política e da performance artística enquanto formas de construção ou de reconstrução de um mundo comum sensível?

 

21 abril

Sandra Laugier
Democracia do sensível e cultura popular

A reflexão sobre a cultura popular, e sobre os seus objetos «comuns» como o cinema chamado «para o grande público», induz uma transformação da teoria e da crítica da qual Stanley Cavell foi um dos primeiros a aperceber-se. O que o preocupa não é tanto uma inversão das hierarquias artísticas, nem da relação entre teoria e prática, mas uma transformação da experiência que se tornou necessária pelo nosso confronto com novas experiências. O enquadramento que ele pensou para o cinema, o de uma democracia do sensível, é aquele que nos permite igualmente pensar as séries.

Para tal temos igualmente de provar a necessidade e definir a forma de uma crítica na cultura popular e esse é o desafio colocado pelo grande crítico Robert Warshow em The Immediate Experience. A questão é então, para além da hierarquia entre «arte alta» e cultura popular, a da nossa capacidade de ações e de escolhas estéticas singulares de entre o conjunto que nos é oferecido e de uma competência estética baseada na experiência.

12 maio

Catherine Larrère
Será que existe uma estética da natureza?

Desde o século XIX os critérios estéticos têm desempenhado um papel importante na proteção da natureza; é porque a consideramos bela que a queremos proteger. Mas a que chamamos beleza quando falamos de natureza? O discurso ecológico, nos séculos XX e XXI, questionou os critérios geralmente aceites sobre a beleza da natureza, acusando-os de serem antropocêntricos e, sobretudo, de fazerem da arte a mediação indispensável para captar a beleza da natureza.

Mas, após esta crítica ecológica, podemos ainda falar de uma estética da natureza? Se suprimirmos a mediação artística, o que acontece à estética? Continua a ser uma questão de beleza? Como considerar o modo como as atividades artísticas continuam a interessarse pelo meio natural e pelo lugar que o homem nele ocupa?

Tentaremos responder a estas questões a partir de referências retiradas da história e da prática da proteção da natureza e, na história de arte, da pintura romântica paisagística à Land art.

 

26 maio - CANCELADA

Alain Caillé
Para além do pensamento crítico – crítico. Paradigma da Dádiva  e Convivialismo

Em 1845, em A Sagrada Família, primeiro intitulada Crítica da crítica crítica, Marx e Engels escarneciam-se dos jovens hegelianos de esquerda, todos mais críticos uns que os outros. Hoje o pensamento crítico parece ter atingido os seus limites. A desconstrução é ultrapassada por um capitalismo especulativo (pelo neoliberalismo, se preferirmos) que faz tábua rasa de tudo o que parecia imemorialmente instituído. A urgência hoje não é acrescentar cada vez mais crítica à crítica, mas perguntarmo-nos como construir um mundo que evite a desolação neoliberal criando os meios para lutar eficazmente contra as alterações climáticas.

Para tal é preciso agir e pensar em duas frentes:

  1. Idealizar uma outra representação do ser humano e do social diferente da que o neoliberalismo impõe de agora em diante à escala planetária. É o que permite o paradigma do dom, elaborado desde há 40 anos no âmbito de La Revue du Mauss (Movimento anti utilitarista em ciências sociais) na esteira do Essai sur le don de Marcel Mauss (1925).
  2. Elaborar uma filosofia política capaz de tomar o lugar do liberalismo, do socialismo, do comunismo e do anarquismo. É o objetivo do convivialismo que poderemos apresentar como a filosofia da arte de viver em conjunto opondo-se sem se massacrar.
    É, sem dúvida, neste enquadramento que teremos de colocar a questão do estatuto da arte hoje.

23 junho

Jean-Marie Schaeffer
Epifanias estéticas

Será que a relação estética constitui um modo de experiência específico? Será que é ativada unicamente por obras de arte ou será que é uma modalidade particular de estar no mundo? Se a segunda hipótese é a correta, em que consiste a sua especificidade em relação a outros modos de experiência? Em particular: é a atenção estética qualitativamente diferente da dinâmica de atenção por defeito que rege as nossas relações pragmáticas com o mundo? Finalmente, qual a importância da relação estética como fonte de bem-estar ou de uma boa vida?

A conferência abordará estas questões numa perspetiva cognitiva e através de uma reflexão dedicada à noção de «epifania» desenvolvida por James Joyce.

22 setembro

Fabienne Brugère
As Novas Lealdades Ecológicas

Uma nova conceção de democracia está a emergir, reforçada pela pandemia da Covid-19 e impulsionada por um «cuidar de si» dos indivíduos, mas igualmente dos seres vivos não humanos e da terra. Este projeto de uma democracia sensível começa com a crítica das soberanias dos estados-nacionais e a análise detalhada das interdependências que sustentam um mundo. Neste contexto, a hipótese eco feminista permite a realização de um diagnóstico sobre essas soberanias, com uma análise paralela das violências contra a natureza e contra as mulheres. Um devir da modernidade tecnocientífica e do capitalismo patriarcal é a considerar, bem como novas relações com a política. Que alter político podemos então imaginar no quadro de uma democracia leal a diferentes formas de cuidados?

29 setembro

Bruce Bégout
Perceber e sentir. Introdução a uma filosofia do que não é nem vivência nem coisa, os ambientes.

Se perceber é discriminar, ou seja, distinguir formas que se destacam de um fundo, o que dizer da manifestação do que não tem forma e que, no entanto, pertence à experiência sensível? Nomeadamente, ambientes, atmosferas, a presença sensível dos elementos sem forma (ar, calor, luz, som, etc.). Não deveríamos rever a nossa conceção da sensibilidade como receção de impressões provocadas por entidades delimitáveis no mundo? Não deveríamos substituir a sensibilidade pensada como recetividade pela afetividade concebida como abertura ao mundo, a si mesmo e aos outros? Nesta conferência, tentaremos abrir a reflexão para uma ampliação do sensível para além das sensações e das coisas para os afetos causados pelas situações e pelos próprios ambientes.

 

13 outubro

Emanuele Coccia
A moda ou o futuro político do sensível

O sensível torna-se político pela moda: é de facto pela moda que reconhecemos que a nossa identidade moral mais profunda é de natureza sensível e que fazemos dessa identidade sensível um objeto de manipulação e negociação coletiva. Através do exemplo de algumas coleções de diferentes estilistas, será demonstrado que somente estendendo a moda não apenas ao corpo humano, mas a todo o universo humano, será possível pensar num futuro sensato para a política.

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A Fundação CCB reserva-se o direito de recolher imagens e registos de sons para divulgação e proteção de memória da sua atividade artística.
Caso precise de alguma explicação adicional, poderá entrar em contacto connosco através de ccb@ccb.pt.


 

Ficha Técnica

Curadoria e Moderação Jacinto Lageira

Preços e Descontos

Nota: S/lugares marcados

Descontos

20% desconto para estudantes, mediante apresentação de cartão de estudante ou comprovativo.

Desconto válido apenas para bilhetes de sessão.

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